Júlia era uma jovem dinâmica, alegre e cheia de vida. Sonhava em ser uma mulher com
sucesso profissional, almejava ter um grande amor e ficar com ele para o resto de sua
vida.
Com 23 anos, ela sentia que já estava no caminho certo, já tinha um bom trabalho e havia
encontrado alguém que fazia pulsar mais forte o seu coração.
Mesmo vivendo uma vida atribulada devido aos afazeres do seu trabalho, Júlia era puro
encantamento com seu namorado, sentia que ele era o homem da sua vida e planejava se
casar com ele o mais breve possível.
Certo dia Julia acabou acordando indisposta e sem energia para ir para o trabalho, sentia
muito sono, seus seios estavam inchados e doloridos e ao olhar para comida sentia
náuseas.
Os dias foram passando e Júlia sentia algo diferente em seu corpo e diante dessa sensação
ela resolveu ir a um médico para fazer alguns exames.
Dois dias depois da consulta Julia descobriu que estava grávida e eufórica tão logo foi
compartilhar a novidade com seu namorado.
Ao receber a notícia ele ficou transtornado e como já tinha outros filhos de relacionamentos
anteriores, conversou com ela sobre o momento que estavam vivendo e juntos decidiram
que o melhor para os dois naquele momento seria interromper a gestação.
Naquele momento Julia ficou entristecida, mas como seu jeito de agir no mundo era de uma
pessoa prática, acabou fazendo o aborto imediatamente sem refletir sobre as
consequências de sua decisão.
Menos de um mês depois Julia terminou o namoro, não sentia mais prazer em estar junto
do seu namorado, algo dentro dela desmoronou.
O tempo foi passando e toda aquela potência que Julia tinha no trabalho acabou
minguando, ela deixou de ser competitiva e lutar por seus ideais, já não se destacava mais.
Com o passar do tempo foi perdendo a vontade de se cuidar e o corpo que antes exibia
belas curvas femininas, foi ganhando formas arredondadas e em menos de 5 anos Julia
havia se transformado em uma outra pessoa.
Nem ela se reconhecia, e também mal conseguia ver os impactos do que ela estava
fazendo com ela
Em uma consulta médica ginecológica de rotina descobriu que estava com uma lesão em
seu útero e que precisaria urgentemente fazer uma cirurgia.
Ela havia desenvolvido um câncer e precisou retirar seu útero e ovários.
Julia não via mais sentido em sua vida, não entendia porque estava passando por tantas
tormentas.
Com o passar do tempo e contando com a ajuda de familiares e amigos conseguiu ter
forças para retomar gradativamente o apreço pela vida.
Um dia assistindo uma palestra pela TV ficou sabendo que não saber gerenciar as
emoções, elaborar lutos e perdas podia levar a pessoa a desenvolver um câncer.
Diante disso resolveu buscar ajuda profissional e descobriu que o aborto que ela havia
provocado acessou dentro dela um sentimento de repulsa, de incapacidade e de desvalor.
Ela acreditava que por ter feito isso com seu filho não merecia viver ou dar uma chance a
si mesma para se perdoar.
Julia conseguiu curar suas feridas, ressignificar traumas e pode se dar a chance de viver
uma nova vida construindo uma família.
Hoje Julia é casada e tem dois filhos adotivos. Com a adoção ela pode exercer a
maternidade, se sentir amada e poder doar amor aos seus filhos.
Julia está em paz com a sua feminilidade, se perdoou e entendeu que as escolhas que fez
no passado foram fruto da impulsividade e atitudes impensadas.
Julia atualmente compreende suas emoções, tem repertório para trabalhar com elas no dia
a dia e não se permite ser escrava da impulsividade, tornou-se emocionalmente forte.
A história de Julia nos convida a refletir sobre os adoecimentos que são decorrentes de
situações traumáticas que muitas vezes são ignoradas pela mulher no cotidiano.
O processo de racionalização pode até justificar ou fazer com que a pessoa esqueça
episódios traumáticos como um mecanismo de defesa,mas o corpo registra todas as
emoções e não esquece o que viveu, essas memórias ficam armazenadas no inconsciente.
Curar feridas e traumas requer coragem para olhar para as dores que fazem a alma sofrer.
O processo é libertador, traz alívio e esperança para construir uma vida mais saudável
emocionalmente.
Se permita curar suas feridas, busque ajuda profissional, esse será o melhor investimento
que você fará em você!
Eu sou Elen Piccinini, Psicóloga e Treinadora de Inteligência Emocional Sistêmica
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